sexta-feira, 18 de maio de 2012

“Carrossel” a novela que assustou a Globo em 1991


No início da década de 1990 uma telenovela infantil conseguiu o que poucas produções até hoje já alcançaram, sacudir a audiência balançando a hegemonia da Rede Globo. A emissora de Roberto Marinho precisou mexer em sua programação afim de frear a perda de audiência para o SBT na ocasião.
Carrossel foi uma telenovela mexicana de 375 capítulos produzida pela Rede Televisa em 1989, transmitida no Brasil pelo SBT entre 20 de maio de 1991 e 21 de abril de 1992 e reprisada três vezes. Remake de uma novela argentina dos anos 60 e 70, Jacinta Pichimahuida, la maestra que no se olvida, a trama conta a história de uma turma de crianças da 2ª série do Ensino Fundamental da Escola Mundial.
A novela acabou ganhando um remake, chamado Carrossel das Américasem 1992 produzida pela Televisa que foi produzida em celebração dos 500 anos de descobrimento da América e foi transmitida por toda América Latina via satélite. Protagonizada por Gabriela Rivero, interpretando a professora Helena, mesmo papel da novela anterior.
O Sucesso
Quinze dias apenas depois de sua estréia, Carrossel produziu a mais espetacular reviravolta da televisão brasileira até aquele momento, uma virada mais profunda que a de Pantanal na Rede Manchete, e tudo isso sem mostrar os adereços usados pela Globo para atrair seu público, como mulheres de sensualidade deslumbrante, carros último tipo, cenas de violência, nudez, erotismo ou palavrões.
A novela concorria diretamente com o Jornal Nacional, programa de maior audiência do país e espinha dorsal da milionária programação no horário nobre Global. Antes de Carrossel estrear, o SBT tinha 6% da audiência no horário, contra 54% para o Jornal Nacional. Após a novelinha mexicana entrar no ar, a platéia do SBT atingiu a faixa dos 21 pontos, enquanto a do concorrente caiu para 41, números que se intensificaram ao longo da exibição de Carrossel.
O segredo do sucesso de Carrossel na verdade não era nenhum segredo. Num horário dominado por atrações oferecidas aos adultos, Carrossel era uma novela para crianças, interpretada por crianças. Os institutos de pesquisa confirmam aquilo que qualquer pai e mãe de família já puderam constatar por experiência própria. No horário das 8, são os filhos que têm o direito de brigar, gritar, xingar e espernear para assistir ao programa de sua preferência. Além disso, Carrossel era um programa infantil mesmo. Os diálogos iam direto ao ponto, o caráter de cada personagem era bem definido assim que ele aparecia em cena pela primeira vez. Bom é bom, mau é mau. Carrossel falava de problemas do dia-a-dia do público: do menino que não fez a lição de casa, do pai que não tem dinheiro para comprar uma bola de futebol para o filho, da menina que tem dificuldade em se enturmar na classe, do garoto frágil espezinhado pelo grandalhão na hora do recreio.
Carrossel chegou ao Brasil no início da década de 90, quando o SBT enfrentava uma séria crise, não pelas novelas, mas por um conjunto de programas problemáticos. Foi quando a emissora apostou em mais uma produção da Televisa S.A., pagando U$$ 300 mil pela novelinha, que veio a ser então o maior sucesso em termos de novelas mexicanas já exibido no Brasil. Carrossel foi a primeira novela estrangeira a balançar a hegemonia global, que na época exibia o fracasso O Dono do Mundo e se viu apavorada por uma produção pobre e malfeita, como eles julgavam, e foi obrigada a espichar o Jornal Nacional de 30 para 50 minutos. A telenovela foi a primeira não brasileira a concorrer o Troféu Imprensa, mas recebeu um único voto do jornalista e crítico de Tv Leão Lobo.
Gabriela Rivero, a Professora Helena da novela, veio ao Brasil e foi recebida com todas as regalias possíveis. Discos, revistas, álbuns de figurinhas, brinquedos: o êxito era gigantesco, e ajudou o SBT voltar a ser o que era, alguns anos depois foi transmitida a nova versão, Viva as Crianças: Carrossel 2, que nem chegou aos pés do sucesso da primeira.
Fonte: PIN

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