DOMINGO LEGAL "HÁ 17 ANOS NO AR"

Certa vez disse que a história do SBT jamais poderia ser contada de uma forma enciclopédia, enfadonha, fechada e acabada. A história da emissora não se restringe a uma narrativa histórica densa e pesada, muito mais do que isso: o SBT nasceu e se desenvolveu em fatos, momentos inesquecíveis e surpreendentes, curiosidades e histórias que deixaram saudade. O Domingo Legal, atração do SBT e aniversariante do dia, não foge à regra. Nem poderia. Poucos programas marcaram tantas gerações de brasileiros desde 17/01/1993 (vídeo abaixo – chamada de estreia) . 17 anos no ar e uma identificação ímpar com a programação da emissora.



Primeiramente, Domingo Legal é MÚSICA. Impossível falar do programa sem tratar dos musicais. Um programa que nasceu da concepção do mitológico Viva a Noite não poderia ser diferente. Vários hits lançados pelo programa embalaram gerações, os encontros entre artistas que geralmente culminavam numa mistura de ritmos e nas provas divertidas no palco do programa. E porque não falar no Conga, la Conga, da Gretchen que fez, digamos, Jean Claude Van Damme ficar “empolgado”; a 1ª apresentação de Thalia no Brasil, onde a parte de fora do SBT ficou lotada de fãs para acompanhar seu musical ou mesmo as grandes atrações internacionais como Shakira, Hanson (pela 1ª vez no país também – vídeo abaixo) , RBD, Ricky Martin, Julio Iglesias, Chris Durán, Acqua e muitos outros. Isso para não dizer do Padre Marcelo e seu auge na carreira musical ficando quase 3 horas no palco, o que deu a liderança ao DL em 1999; o diretor Roberto Manzoni falando que não adiantava levar Companhia do Pagode nem Carla Perez no Faustão, pois eram artistas que só davam IBOPE no SBT; e falando em Carla Perez, quem não se lembra dos concursos de talentos para revelar A Nova Morena do Tchan?.



Falar em Domingo Legal também é falar em CRIATIVIDADE. Muito antes de O Impostor no Pânico, o SBT já colocava Rodolfo e ET atacando de “paparazzi” para seguirem famosos e entrarem escondidos onde eles estavam. Enquanto a Globo colocava Mister M para se apresentar gravado em Las Vegas, o Domingo Legal trouxe o mágico ao vivo para o programa; a ideia de acordar famosos posteriormente explorada por “N” programas na TV brasileira, nasceu no DL; a ideia de passar o apresentador na condição de protagonista da reportagem foi lançado principalmente em 1997, no Sentido na Pele; além do investimentos em grandes entrevistas exclusivas com astros do cinema, até então filão pouco explorado no domingo no Brasil: Leonardo di Caprio e Eddy Murphy foram alguns deles. E porque não falar dos quadros mais populares dos anos 90? Os artistas passando apuros no Telegrama Legal, revoltados no Portuga Legal (vídeo abaixo, com Sampa Crew) e se divertindo com as moças bonitas (by Silvio Santos) na Banheira do Gugu. As pessoas desesperadas para sair do Táxi do Gugu e as loucas para achar o objeto pedido no Gugu na Minha Casa.



E como condição de toda criatividade, DL também representa OUSADIA, muita ousadia. E essa ousadia passa por várias esferas. Começamos com a exaltação do IBOPE: o Gugu batendo o Faustão num ring de boxe em chamadas do chamado “Domingo Especial”; Mister M anunciando na volta dos breaks “Domingo Legal, the number one” (Domingo Legal, o número 1), o bonequinho do Gugu apotando com o dedo indicador para cima (indicando a liderança) e as naves, carros com bandeira “1” (vídeo abaixo com o musical do Padre Marcelo) que percorriam a tela durante alguma atração que estivessem na liderança.



Ousadia também em cutucar decisões judiciais: Vetado por leiloar a sunga de Thiago Lacerda no programa, na semana seguinte, o Domingo Legal atacou com a sunga de Paulo Zulu, ainda com mais sucesso. Por sua vez, ao ver barrado o sucesso da Banheira, sendo o quadro reclassificado para 14 anos, o programa mostrou que a Globo fazia coisas piores: cenas de Uga Uga foram ao ar no SBT mostrando seios à mostra das atrizes globais às 19h.

E como não poderia deixar de ser, ousadia jornalística: a estreia efetiva do jornalismo veio com a cobertura da morte dos Mamonas Assassinas, em 1996. Lembro como se fosse hoje. Eu, ouvindo walk-man (era 1996, viu?) com um fita K-7 em casa e no momento que tocava “Pelados em Santos”, entra o Domingo Legal no ar 1 hora mais cedo já com a cobertura do desastre. Por ser a 1ª emissora a tratar do assunto, o resultado foi estrondoso: 47 pontos de pico, recorde do programa. Daí para frente, Wagner Mafezzolli, então chefe de reportagem e Silvana Kieling, investiam em reportagens cada vez mais ousadas: Em 1998, um repórter do Domingo Legal simula atitude do Maníaco do Marque e convida jovem para trabalhar como modelo e faz ela tirar a roupa, tudo isso na frente das câmeras; no ano seguinte, o programa, em atitude ousada, amarra um microfone em um rodo e consegue entrevistar a família de Wellington (irmão da dupla de Zezé di Camargo e Luciano) com exclusividade; também em 1999, Silvana Kieling instala câmera oculta em cela de penitenciária de São Paulo e vive um dia de presidiária presa por tráfico, sem nenhum detento saber de sua condição como repórter e em 2001, o programa faz a cobertura da sangrenta Rebelião no Carandiru, com direito a helicóptero sobrevoando por 8 horas o local do incidente, com direito a imagens exclusivas do tiroteio que causou a morte de 2 detentos. Nesse mesmo ano, o programa ainda entrevista em primeira mão Isabel Cristina Bayma, a brasileira (que morava na Arábia Saudita) e que é cunhada de Osama Bin Laden. Todas as matérias citadas foram líderes absolutas de audiência.

Em 2003, o SBT pagou pelo excesso de ousadia: a reportagem forjada do PCC, em que se ameaçava várias personalidades do País, fez o programa sofrer uma crise de identidade e audiência e ainda forçou o programa sair do ar por 1 semana, coisa que nunca tinha acontecido até então. Ou seja, essa ousadia em jornalismo deve ter limites. Nada de extrapolar para usar o jornalismo em prol de um IBOPE fácil.

A história do DL é muito grande. Poderia enumerar aqui o dia que o Domingo Legal levou o sapo que latia e tal pauta meteu 8 pontos de frente no Roberto Carlos (cantor) ao vivo no Faustão. Poderia falar do Ed, O Extraterrestre, que chegou a ser um parceiro de palco do Gugu, tal qual o Xaropinho é para o Ratinho. E falando em Ratinho, ele apareceu pela 1ª vez na tela do SBT no Domingo Legal (vídeo abaixo – 1997) Enfim, uma história rica e que cada tem condições para se engrandecer cada vez mais.



O resultado da junção Música + Criatividade + Ousadia só pode ter um resultado, ou melhor dois: alegria e diversão. E é sempre pensando nesse tripé que o Domingo Legal vai alçar seu sucesso, que sempre se baseou em saber falar para diferentes públicos, fundamental para o sucesso de um programa dominical. Hoje estreia o novo cenário, novo logotipo e também em breve virão novos quadros. Que com Celso Portiolli, agora sem vesquícios da época de Gugu Liberato no caminho, possamos falar que o Domingo está ficando cada vez mais Legal!





Apresentadores:
17/01/1993 a 05/07/2009 – Gugu Liberato
12/07/2009 até hoje – Celso Portiolli

Diretores:
17/01/1993 a 03/09/2003 – Roberto Manzoni “Magrão”
04/09/2003 a 23/09/2003 – Maurício Nunes
23/09/2003 a 07/05/2004 – Roberto Manzoni “Magrão”
14/05/2004 a 11/08/2006 – Maurício Nunes
18/08/2006 a 21/06/2009 – Homero Salles
28/06/2009 a 05/07/2009 – Dirlan Jorge
12/07/2009 até hoje – Roberto Manzoni “Magrão”


Por: José Eustáquio Lopes de Faria Júnior